por Marilia Gurjão 
Psicologa, especialista em Avaliação Psicológica, gestão Estratégica de pessoas e Neurociências 
Gerente de Recursos Humanos – Senac/RN.

“Ser líder é ter consciência do impacto que cada palavra, atitude e silêncio pode gerar na jornada de quem está ao nosso lado. É ser ponte entre o potencial das pessoas e os resultados que queremos construir juntos!”

Assumir uma posição de liderança é um dos maiores saltos de desenvolvimento que alguém pode dar na carreira e um dos mais desafiadores. Segundo pesquisa da McKinsey (2023), 75% dos novos líderes relatam sentir-se despreparados nos primeiros meses de atuação. E é compreensível: liderar é menos sobre ter todas as respostas e mais sobre aprender a fazer as perguntas certas. 

Liderar não é um cargo, é um papel de responsabilidade e influência. O líder é quem cria significado, dá direção e inspira confiança. Como diz Simon Sinek, “os grandes líderes inspiram ação começando pelo porquê”. É esse porquê — o propósito — que conecta pessoas, engaja talentos e transforma resultados. 

Mas o desafio da liderança vai muito além das metas: hoje, o líder precisa equilibrar resultados e o cuidado com as pessoas, conduzindo equipes formadas por diferentes gerações, valores e motivações. Enquanto uns buscam estabilidade e reconhecimento, outros priorizam propósito e flexibilidade. Compreender essas diferenças é o primeiro passo para inspirar de forma genuína. 

E há ainda outro obstáculo contemporâneo: comunicar-se com clareza em um mundo repleto de ruídos. A velocidade da informação, o excesso de estímulos e a superficialidade das trocas tornam a escuta ativa uma competência essencial. Como lembra Daniel Goleman, líderes emocionalmente inteligentes sabem silenciar o ruído externo para ouvir o que realmente importa, as pessoas.

Tornei-me líder, e agora? 

1 – Construa a confiança antes de cobrar desempenho: A confiança nasce da coerência entre o que você fala e o que faz. Estudos da Harvard Business Review mostram que equipes que confiam em seus líderes têm 76% mais engajamento e 50% mais produtividade. 

2 – Saia da operação e abrace o papel de facilitador: O líder eficaz não controla, ele cria condições para que as pessoas entreguem o melhor. Delegar, orientar e acompanhar com empatia é essencial. 

3 – Seja autêntico: Como lembra Brené Brown, vulnerabilidade não é fraqueza, é coragem. Liderar com autenticidade inspira mais do que qualquer discurso ensaiado. Não mude sua essência para caber em um modelo de liderança: seu jeito humano é o que gera conexão. 

4 – Comunique-se com clareza e escute com intenção: A escuta é a base da empatia, e sem empatia não há liderança inspiradora. 

5 – Dê feedback e demonstre abertura para recebê-lo: Feedback é um presente, mas deve ser dado com respeito e recebido com maturidade. 

6 – Busque apoio: Liderar não precisa ser solitário. Converse com outros líderes, com o RH, com mentores. Pedir ajuda é um ato de maturidade, não de fraqueza. 

O perfil do líder inspirador 

O líder inspirador conecta propósito e pessoas, desenvolve e engaja talentos, pratica a empatia, dá feedback com respeito e tem coragem para conversas difíceis. Ele é exemplo e inspiração, coerente nas atitudes, intencional nas decisões e presente nos detalhes. 

O impacto de um líder vai muito além dos resultados: ele molda a cultura organizacional e influencia o bem-estar das pessoas. 

Liderar é um ato de influência e de serviço. Quando um líder fala, age ou silencia, ele ensina e essa consciência é o que diferencia quem apenas ocupa um cargo de quem realmente exerce o papel de líder. 

Mais do que conduzir resultados, o líder inspirador cultiva pessoas, propósito e sentido. Ele entende que sua missão é fazer o outro brilhar, porque quando cada pessoa alcança seu potencial, o time inteiro vence. 

E se você está começando agora, lembre-se: liderar não é ser o melhor do time, é fazer o time ser o seu melhor.