IA no trabalho: 6 passos para você não ficar para trás

Publicado em 2 de julho, 2025

Por Priscilla Silveira
Doutora em Educação
Especialista em Educação a Distância e em Inovação e Transformação Digital
Gerente de Qualidade e Inovação do Senac RN

A Inteligência Artificial já fazia parte do nosso cotidiano de diversas maneiras, mesmo antes de se tornar um tema amplamente discutido. Ela está presente em sistemas de recomendação de filmes e músicas, assistentes virtuais, plataformas de compras online, aplicativos de navegação, redes sociais e muitos outros recursos que utilizamos diariamente, muitas vezes sem perceber.

No final de 2022, com o boom da IA do tipo Generativa — capaz de criar conteúdos em texto, imagem, áudio e vídeo de maneira semelhante à produção humana — essa tecnologia passou a estar presente e acessível a qualquer usuário e cresce exponencialmente desde então, impactando todas as áreas da sociedade e do mundo do trabalho.

Você já parou para refletir sobre o futuro da sua profissão com a integração definitiva da Inteligência Artificial no mercado de trabalho? A IA já está entre nós, nos ajudando a automatizar tarefas, a gerar conteúdo, a analisar dados…O relatório do Fórum Econômico Mundial de 2025 aponta que até 2030 a IA é e será uma das habilidades mais requeridas aos profissionais, além de indicar o aumento da participação dessa tecnologia no espaço do trabalho (Figura 1):

 

Figura 1 – Proporção de atividades predominantemente realizadas por tecnologia, predominantemente por pessoas e pela combinação de ambas agora e até 2030.

Fonte: Fórum Econômico Mundial (2025)

 

A Figura 1 nos revela que ignorar o impacto dessa tecnologia não é mais uma opção, concorda? A questão agora é: como você vai se preparar para esse novo cenário? O mercado de trabalho requer um profissional híbrido, isto é, aquele que domina tecnicamente a sua área e também sabe como resolver problemas com IA. Ele não precisa ser programador, mas domina os fundamentos básicos da Inteligência Artificial (letramento em IA) e sabe como ela pode agregar valor à sua atuação.

Pois é, o seu sucesso profissional depende do grau de maturidade que você tem com a IA, que pode ser descrito em quatro níveis (SILVEIRA, 2025):

 

  • Nível 1 – Não iniciada: o profissional questiona o que é IA e como aplicá-la, mas ainda não a utilizou. Pode ter ideias e expectativas erradas sobre o tema;
  • Nível 2 – Aproximação: o profissional teve curiosidade com a IA, acessou possivelmente a mais utilizada no mundo (ChatGPT) e está na fase de encantamento com as respostas da ferramenta. Faz uso básico, limitando-se a fazer perguntas/solicitações simples, podendo fazer uso errado no trabalho;
  • Nível 3 – Responsável: o profissional buscou o letramento em IA e aplica a inteligência artificial em sua rotina de trabalho de forma sistemática, ajudando na produtividade e qualidade, de forma ética e responsável;
  • Nível 4 – Inovadora: o profissional usa a IA de forma diversificada e sistemática no trabalho. Atualiza-se constantemente, sendo referência para outros profissionais da sua área no letramento em IA. Ousa na criação de inovações com IA.

 

A escala de maturidade apresentada é um convite para uma autoavaliação. Com qual nível você se identificou? Se for com os níveis iniciais, Nível 1 ou 2, tudo bem! O mais importante é saber onde você está e identificar para onde deve seguir, sem pular etapas. No entanto, é imprescindível buscar, no mínimo, o letramento em IA (Nível 3) para atuar com segurança, ética e protagonismo, em vez de ser apenas um usuário passivo dessa tecnologia.

Observe uma análise comparativa entre o usuário iniciante – não letrado em IA – e o usuário avançado na interação com uma IA Generativa, tal como o ChatGPT (SILVEIRA, 2025):

 

  • Usuário iniciante: faz perguntas genéricas à IA, busca apenas respostas prontas, não personaliza o resultado com o seu contexto, recebe respostas genéricas, tem o risco de ficar dependente da tecnologia e de ter prejuízo cognitivo;
  • Usuário avançado: garante a confiabilidade dos resultados gerados pela IA, contorna ou mitiga suas limitações, imprime um tom pessoal à interação, incorpora seu know-how para potencializar o prompt, personaliza o conteúdo conforme o contexto desejado, explora oportunidades de aprendizado na cocriação com a IA, valoriza o seu pensamento crítico e criativo no processo, minimiza retrabalho na interação com a IA.

 

Tenho a certeza de que, se ainda não é um usuário avançado, você já vislumbrou a importância de ser. Por onde começar? Te dou 6 passos:

1. Estude os fundamentos básicos sobre IA

Compreenda o conceito, os tipos de IA, como funciona o treinamento por meio de machine learning, os principais modelos existentes, suas aplicações práticas, além da engenharia de prompt. Esses conhecimentos e habilidades técnicas já não são exclusivos dos profissionais de Tecnologia da Informação (TI). Hoje, qualquer profissional, independentemente da área de atuação, precisa, no mínimo, dominar os fundamentos da IA para aplicá-la de forma eficaz em seu contexto. E quanto mais avançar nesse domínio, maiores serão suas chances de se destacar no mercado.


2. Mapeie suas atividades do trabalho e identifique como a IA pode contribuir para potencializar seus resultados

O uso da IA não deve ser guiado por modismos ou pela simples curiosidade. Para utilizar essa tecnologia de forma eficaz, é fundamental saber
se e como ela pode ser aplicada às suas atividades profissionais.

Ao analisar cada atividade do seu trabalho, reflita:

  • Essa tarefa pode ser automatizada com segurança? Se sim, a IA pode ajudar a otimizar tempo para que você possa se dedicar a tarefas mais analíticas ou criativas;
  • É possível cocriar com a IA, mantendo a qualidade e respeitando o papel humano? Algumas tarefas podem se beneficiar da colaboração com a IA, como a geração de conteúdo, análise de dados, criação de propostas ou desenvolvimento de ideias. Nesse caso, a IA não substitui, mas amplia suas capacidades.
  • Ou trata-se de uma atividade essencialmente humana, que não deve ser delegada à tecnologia? Nessas situações, a IA pode até apoiar o processo, mas a decisão e a execução devem continuar sendo humanas.

 

3. Implemente com cautela: escolha um problema real da sua área e teste soluções com IA

A Inteligência Artificial não é uma solução mágica para todos os desafios. É fundamental saber quando utilizá-la e, igualmente importante, quando não. Comece identificando um problema concreto e relevante em sua área de atuação. Em seguida, experimente aplicar soluções com IA, avalie os resultados e aprenda com a prática.

Para que a adoção da IA seja realmente eficaz, ela deve atender a dois critérios essenciais:

  • Potencializar os resultados da atividade ou processo;
  • Não gerar prejuízos à ética ou aos seres humanos envolvidos.

A experimentação responsável é o caminho mais seguro para uma implementação inteligente da IA.

 

4. Adote, desde o início, princípios de uso ético e responsável da IA

O uso indiscriminado pode trazer uma série de riscos: vieses, plágio, desinformação, violação de dados, análises equivocadas… Casos reais já demonstram as consequências do uso inadequado da IA no ambiente de trabalho. Um exemplo é o de um advogado norte-americano que utilizou o ChatGPT para elaborar uma peça jurídica e apresentou ao tribunal jurisprudências inexistentes. Outro caso ocorreu com um jornalista de um jornal do interior de São Paulo, que publicou uma matéria contendo, por engano, o próprio prompt utilizado para gerar o conteúdo.

É fundamental questionar, refletir sobre os impactos e agir com responsabilidade ao utilizar essas ferramentas. A ética no uso da IA deve ser prioridade em qualquer contexto profissional.

 

5. Mantenha uma postura crítica desde o início e atue com uma mentalidade centrada no ser humano

Pela primeira vez criaram uma ferramenta tecnológica em que precisamos proteger o ser humano. Quando mal utilizada, a IA pode trazer prejuízos cognitivos, impactar negativamente o meio ambiente, trazer desemprego em grande escala… Avalie o impacto da IA na sociedade, no mercado de trabalho e em você enquanto ser humano!

Avalie criticamente os efeitos da IA na sociedade, no mercado de trabalho e na sua própria vida. Tome decisões conscientes, que valorizem o ser humano e mitiguem impactos negativos.

 

6. Invista continuamente no seu desenvolvimento, tanto em Inteligência Artificial quanto em habilidades humanas

De acordo com o Fórum Econômico Mundial (2025), embora a habilidade em IA esteja entre as que mais cresceu em demanda, as habilidades humanas seguirão sendo fundamentais. Pensamento analítico, criatividade, resiliência, liderança e colaboração continuarão a ser diferenciais indispensáveis.

O futuro do trabalho exigirá uma combinação equilibrada entre habilidades técnicas e socioemocionais. Isso significa que os profissionais precisarão se atualizar de forma contínua, não apenas em relação à IA, mas também nas chamadas soft skills. O aprendizado deve ser constante para aqueles que desejam se destacar e liderar transformações.

A Inteligência Artificial não veio para substituir você, mas para transformar a forma como você trabalha. Quanto antes começar a se preparar, mais espaço terá para crescer nesse novo cenário. Dê o primeiro passo! Busque o letramento em IA necessário para atuar com segurança e propriedade e siga para os demais aqui sugeridos. O futuro do trabalho está sendo escrito agora com humanos que sabem colaborar com a Inteligência Artificial sem perder a sua humanidade. Desejo sucesso em sua jornada!

 

Referências

 FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL. The Future of Jobs Report 2025. Geneva: World Economic Forum, 2025. Disponível em: https://www.weforum.org/publications/the-future-of-jobs-report-2025/. Acesso em: 1 jul. 2025.

 SILVEIRA, Priscilla. Educar com IA: uma abordagem centrada no ser humano. Natal: Aure, 2025.

 

Cocriado com ChatGPT-4o.


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