Futuro do Trabalho: Gerações e Inteligências em Equilíbrio

Por Raniery Pimenta (@ranierypimenta)
Diretor Regional do Senac RN
Este artigo é um breve resumo da minha mais recente palestra “Futuro do Trabalho: Gerações Equilibrando Inteligência Humana e Artificial”, apresentada agora em maio de 2025. A inspiração veio de uma inquietação pessoal — e talvez você também já tenha passado por isso.
Tudo começou quando uma das minhas filhas me perguntou o que deveria ser quando crescesse. A pergunta é clássica, mas o contexto atual exige uma nova resposta. Segundo o Institute for the Future, em um estudo de 2018, 85% das profissões que existirão em 2030 ainda não foram inventadas. Diante disso, como orientar nossas crianças e jovens?
Talvez a chave não esteja em escolher uma profissão, mas sim em cultivar competências que farão sentido independentemente do cargo ou do setor. E se há uma competência que vale ouro nesse novo cenário, ela se chama adaptabilidade.
Na primeira parte da palestra, trato das transformações geracionais. Pela primeira vez, temos cinco — e em breve seis — gerações convivendo no mercado de trabalho. E isso, claro, traz desafios, mas também oportunidades imensas de complementaridade.
Veja quem são essas gerações:
- Baby Boomers (nascidos entre 1940 e 1965): filhos do pós-guerra, valorizam a estabilidade, a lealdade e a hierarquia. Para eles, sucesso é construir uma carreira longa na mesma empresa.
- Geração X (1966 a 1978): cresceram vendo os sacrifícios dos pais e passaram a buscar equilíbrio entre disciplina e realização pessoal. São comprometidos, valorizam a linearidade e estão hoje no topo de muitas lideranças.
- Geração Y ou Millennials (1979 a 1994): viveram a transição para o mundo digital. Buscam propósito, flexibilidade e qualidade de vida. Foram os primeiros a questionar abertamente o modelo tradicional de trabalho.
- Geração Z (1995 a 2010): nativos digitais, valorizam autonomia, múltiplas fontes de renda, propósito e bem-estar emocional. Muitos não se veem em cargos de chefia e preferem atuar com mais liberdade e criatividade.
- Geração Alpha (2011 a 2024): são crianças e adolescentes que cresceram em um mundo já totalmente digitalizado, imersos em tecnologia desde os primeiros anos de vida.
- Geração Beta (a partir de 2025): ainda estão nascendo agora, mas espera-se que tenham uma relação simbiótica com a inteligência artificial e uma imersão natural em ambientes híbridos físicos-digitais.
Entender essas diferenças é essencial. Não existe geração melhor ou pior — existe contexto, história e repertório. E é essa diversidade geracional que torna os ambientes mais ricos.
Na segunda parte da palestra, trago reflexões sobre o papel da inteligência artificial no futuro do trabalho. Aqui, os dados mais recentes do Fórum Econômico Mundial (2025) são claros: até 2030, teremos um saldo de 78 milhões de novos postos de trabalho, resultado da transformação de cerca de 170 milhões de contratações e 92 milhões de desligamentos.
E mais: a divisão das tarefas entre humanos e máquinas está mudando rapidamente. Hoje, cerca de 47% das tarefas ainda são realizadas por humanos, 30% por máquinas e 22% por uma combinação de ambos. Mas em 2030, essa proporção será praticamente dividida em três partes iguais — 33% humanos, 33% máquinas e 34% colaboração humano-tecnológica.
Isso mostra que a questão não é mais se a IA vai nos substituir, mas como podemos aprender a cocriar com ela.
Apresentei também as principais habilidades apontadas para 2025 e 2030 no relatório mais recente do Fórum Econômico Mundial. As que mais crescem incluem:
- Pensamento analítico e criativo
- Resiliência, flexibilidade e agilidade
- Liderança com influência social
- Alfabetização em IA e Big Data
- Curiosidade e aprendizagem contínua
Essas são habilidades humanas, mas que precisam ser desenvolvidas com intencionalidade, pois são elas que garantirão nossa relevância diante da tecnologia.
Na palestra, compartilhei inclusive como uso ferramentas como o ChatGPT no meu dia a dia — desde revisão de conteúdo até apoio na organização de ideias, projetos e até tarefas escolares com minhas filhas. Mas deixei um recado claro: o valor da IA depende da qualidade da interação com ela. Quanto melhor sua pergunta, melhor a resposta. Quanto mais bagagem você tem, mais valor você extrai da tecnologia.
O futuro do trabalho não será apenas automatizado — será híbrido, colaborativo e profundamente humano. Ele exigirá pessoas capazes de lidar com a tecnologia sem perder de vista o que nos torna únicos: a empatia, a criatividade, a escuta e o propósito.
Se quiser acessar os slides da palestra ou conversar mais sobre esse tema, fique à vontade. Estou por aqui!